segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Delícia #5

Toda hora
O amor
Floresce

Cresce

Expande até não caber mais
Em si

Então vem os apelidos
Gracinha, delícia, benzinho, gostosa

Depois em diferentes idiomas
O carinho se manifesta
Honey, babe, mon amour

E por último os eufemismos
Pra não dar bandeira
Eu te adoro
Gosto de passar o tempo com você
Você me faz tão bem

Todos sinônimos
De um eu te amo
Reprimido

Juras de amor ao pé do ouvido

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Delícia #4

Bon Appétit, mon amour
Ligo apenas o abajur
Crio um clima
Deixo tudo em cima pra você
Ce soir, o objetivo é o seu prazer
Preparei quitutes para o seu frisson
Serei seu garçom, seu maitre
E tête à tête lhe entregarei o menu
Com tudo que preparei pra ti
Apenas o crème de la crème
Cocq au vin pour le dîner
Mon Dieu, como ela gosta de comer
E acredite se quiser
Trois petit mor pour le dessert
Essa mulher, fruit de ma passion
Educada em Syon, Sacré-Coeur, sorbonne
Espero que um dia se apaixone
Por esse chef de meia tigela
Que na panela pôs todo amor e carinho
Açafrão, curcuma, pimenta e cuminho 
Campo de batalha
De romance matinal
Cama de casal

Delícia #3

Coito menstrual
Pobre cama de casal
Mais lençóis manchados

Ainda cansados
Vibram corpos contorcidos
Corações unidos

Seu sexo selvagem
Foda em plena quarta-feira
Que bela paisagem

Toda essa sujeira
Nossa comemoração
Mês sem gestação 

sábado, 25 de outubro de 2014

Day after

O coração da menina
Criou uma ilusão vespertina
Ignorando a visão da retina

Inventou uma paixão repentina
Amou com tesão na esquina
Acordou com solidão matutina

Delícia #2

Imagine, três gaivotas
Em pulsos diferentes
Duas almas transparentes
Se encontrando em linhas tortas

Par de asas, infinito
Marcas em frente e verso
Dois corações: prosa e verso
Misturando riso e grito

Quatro tatuagens à mostra
Dois corpos nus
Um beijo ardente

Encontro que se encosta
Converge em luz
In(can)de(s)cente

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Delícia #1

"Resistindo na boca da noite um gosto de sol"
Que venha a lua
Misteriosa e nua
Invariavelmente tua
Enquanto a gente sua
Até o sol raiar

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Vamos sair hoje?

Uma angústia esse tal de tempo. A moça do rosto embaçado, do sorriso volátil, corpo etéreo. Tão pueril lembrança, quase se esvai. O jazz na vitrola ativa a memória do amante sequelado. Até que aquela música toca, daquela dança, daquele dia em que fomos felizes até mais tarde. Como num sonho, tudo se clarifica, ganha forma e real se parece. Tento tocar sua imaginada face mas ela explode na minha cara como bolha de sabão. É ela respondendo por whatsapp o que há duas horas eu havia perguntado: "claro que sim :)))"

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sim, escrevo sim
Apesar de não ser máquina
De escrever correndo 

A mais bela das lições

E o amor que andava por aí esbanjando mocidade abre alas pra saudade de um tempo que passou de tudo que se foi a dor maior permanece sendo um emaranhado de um tanto e mais um pouco de emoção ai aiai esse turbilhão de medo e sonho e dor e depois sossego desse bom e velho amor restou apenas um segredo por assim dizer e umas migalhas que os pombos da praça ainda não levaram resquícios de memórias turvas de momentos puros e insanos mais uns anos e eu esqueço as faces e facetas da mais magnífica das bocetas que já passaram por aqui a mais bela das lições depois do choro poder sorrir

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Vermelho cereja

Unhas vermelhas 
Sabor cereja
Saltitando sobre 
A tela do iPad
De repente vão à boca
Roídas por dentes
Vermelhos
Sabor cereja
Morde os lábios
Também vermelhos
Sabor cereja
Imagino outro contexto
Outros usos
Pros mesmos dedos
Pros mesmos lábios
Pros mesmos dentes
Todos vermelhos
Sabor cereja

sábado, 3 de maio de 2014

sexta-feira, 2 de maio de 2014

A menina do quarto andar

Boa noite.
Boa noite.
Qual o seu andar?
Quarto.
(Droga, pensa rápido)
(Nada)
Você é novo no prédio?
Não. Vim visitar minha avó. 
Rs. Tchau. 
Tchau. 
(Preciso visitar minha vó mais vezes)

terça-feira, 22 de abril de 2014

quarta-feira, 9 de abril de 2014

É tanta coisa

Perdera as contas
De quantas
De quantos
Perdeu-se em contos
De tantas
De tantos
Perdido aos prantos
Em Anas
Em ônus
Perdão às plantas
Em chamas
Os pomos

sábado, 5 de abril de 2014


Ele sabia que não devia
Ela sabia que ele queria
Ele, um bom patrão
Fina estirpe, alto padrão
Bambambam do alto escalão
De uma longa linhagem de bambas
Ela, a secretária da firma
Simples e simplesmente linda
Absorta em telefonemas
DDDs de longa duração
Podia ser curta a relação
Mas acabaram se casando
E posteriormente se cansando
Um do outro
Fora demitida um tempo depois

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A cantora Coralina

Dedico algumas linhas à misteriosa menina que nunca irá lê-las. Tudo o que ela sente é caos. Tudo é chuva, tempestade turva de granizo. Vamos andar uma última vez. Eu, ela e sua voz rouca que só canta em inglês. Quando chegar o inverno, nos aqueceremos um no outro apenas em pensamento. Nunca mais nos veremos. Acho que só nos vimos uma vez, na verdade. Se soubesse que seria a única teria dado mais valor. Mal trocamos meias palavras e ela foi embora sem dizer tchau. Por algum motivo era mais graciosa ao ir embora.

domingo, 30 de março de 2014

Mirela e Joana

Quando nos conhecemos, foi sem querer. Uma mesa de bar, amigos em comum, cerveja... Eu me apresentei: oi, eu sou o Pepê. E você? Mirela. E essa é Joana. Papo vai e papo vem, nos conhecemos um pouco mais, mas nada de mais. Eu sempre incitando e ele sempre referenciando Joana. Eu disse: você é linda. E ela: e Joana? Toda hora me cortava com esse papo de Joana. Até que fiquei com Joana, pensando em Mirela. E até hoje, quando chego em Mirela, ela me corta, dizendo que fiquei com Joana. Maldita Joana.
Eu disse oi. Ela respondeu.
Eu a beijei. Ela correspondeu.
Fizemos um amor que é só meu.
Ela gozou. Já eu...

sábado, 1 de março de 2014

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Micareta

Como cega em tiroteio
Transitava torpemente
À procura do doce
Sumo da boca

Sumiu na poça
Da saliva ardente
Dos lábios 
Que emolduravam dentes

Suas pupilas dilatadas
Passaram a enxergar 
Apenas a negra sombra
De suas pálpebras cerradas

Chupou a língua
Sugou a alma
E derretida em calda
Quente esfriou-se

Largou-lhe a boca
Abriu os olhos e foi embora
Não era aquela 
A boca de seus sonhos

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Mais um casal apaixonado
Que sai da cafeteria
Se amando um pouco mais
Um brownie pago pelo rapaz