sábado, 30 de novembro de 2013

Pense, pense, pense

Pense célula independente pense
Pois pra tudo na vida 
Há um jeito diferente
Pense sua célula intransigente
Que pra cada pensamento seu
O mundo fica mais irreverente
Vertendo-se em sumo
Suave suco efervescente
De caridade e amor
Apenas pense célula
Organize suas associações
Seus desdobramentos
Essa sinergia de que tanto falam
Os que já não conseguem se calar
Pense

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

TB #10

Após quase um ano de surto, encerro essa série por dar como encerrado o assunto. Bipolaridade é normal. Se pensar demais eu acabo virando presunto. Alguns remédios à noite, algumas limitações e vida que segue. Uma coisa é certa. Os remédios não são tão potentes. As drogas tampouco. A psicanálise e a psicoterapia surtem muito mais efeitos. O bipolar enfrenta balas de canhão mas não fala com os pais. Não segue uma lógica racional (no senso comum). É um cara diferente. É carente mas não morre de saudade por ninguém. Na edição de número dez já esqueceu porque começou a escrever. Incômodos que perderam importância. Quem quiser saber mais que me pergunte. Como disse no começo, assunto encerrado.

TB #9

Acordava deprimido todos os dias. Teoricamente, isso é normal. Até que em determinado momento do dia, todas as cores do mundo brotavam de sua palheta enfeitando a tarde. Para pra pensar, de tudo o que acontece, o que está errado. São tantas variáveis. Pra ele, na verdade, apenas uma.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

TB#8

E o surto? O que fazer com o tal do surto. Surdo. O pior surto é aquele que ignora o próprio surto. O que crê e resolve que não ver é muito melhor do que enxergar. Eu, por minha vez, já fiquei amigo do surto. Andamos de mãos dadas, praticamos a inocência, a novidade recém inventamos a todo momento. Os planos mirabolantes que vão ser o maior sucesso, mas apenas no dia de são nunca.

Minha mãe sempre dizia: cuidado com as suas amizades, meu filho. Você um dia ainda pifa. Mas mãe nunca sabe das coisas. Sempre dava certo. Sempre tava tudo bem. De tanto eu andar com gente doida, começou a achar que eu tava ficando maluco. Eu? Doida é ela. Aqui só tem gente fina. A nata do mundo ao meu redor. Só tem surtado, ok. Mas nesses tempos, quem não está? Estar no chão, estar no ar, estar no centro que há aqui dentro... tudo isso parece ser normal. E parece que estar surtado também é normal.

#SerDiferenteÉNormal

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

SOS Guaratiba pede paz aos visitantes

Guaratiba em chamas chora
Os ônibus queimados na aurora
A multidão manifestante
E a paz resultante dos tempos de outrora
Em cada instante violento
Existe dentro de mim um ser
Também violento
Que por vezes se recolhe
E que de tanto se encolher
Acaba explodindo combalido
Em supernova radiante
Noutro instante tudo acalma novamente


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

TB#7

Bom dia, amigo. Tudo bem? Você sabe que eu te adoro. Eu sei que você gosta de mim também. Mas me dá uma luz. Mostra a direção que eu vou. Eu corro, pego um ônibus... só dizer pra onde ir que eu arrumo as coisas e me mando pra lá.

A gente sempre conversa, mas só eu que falo. É chato isso. Eu sei que você tem um plano pra mim, mas eu não entendo qual é. Queria muito saber. Me ajuda, vai.

Tá vendo! É isso que sempre acontece. Eu falo, falo, falo e você finge que não ouve. Não diz nada. Depois eu faço besteira e você não sabe porquê. Quantas vezes eu perguntei e você não respondeu. Mas será que alguma vez eu deixei, fico me perguntando.

Acho que vou fazer uma rápida meditação. Vamos ver se no silêncio eu consigo te escutar melhor. Fico louco de não saber os seus planos. Deixa-me ajudar, vai. Eu prometo que não irei te decepcionar. Mas se não quiser, eu vou entender. Sei como é. Já fiz isso que você está fazendo. Muitas vezes as pessoas não sabem como precisam ser ajudadas. E a gente quer ajudar e sabe que pode ajudar, mas muitas vezes não é da forma que a pessoa quer. Difícil essa situação.

Amem. Jai Gurudev. Oxalá. Às ordens e que dê tudo certo.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Correria

Raffael Massena

Chega uma hora que cansa
O tanto que a gente anda
Sem sair do lugar

Aí a gente senta
Toma um ar
E a vida espera

Então ganha mais velocidade
O mundo sentado
É bem menos agitado

Dá até pra andar de novo

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Coragem

Raffael Massena


Vi saindo
Correndo apressada
De dentro do peito
A coragem do rapaz

De passo ligeiro e fugaz
Olhar satisfeito
Alma açoitada
O Rapaz virando menino

Alguns minutos ali parado
Chorando de soluçar
Até cansar e ser
Apenas ser, divino

Fruta madura de consumo matutino 
Sorrindo aliviado o rápido crescer
Entendimento da missão de amar
Não apenas o encomendado

Mas o que a vida lhe entrega
A entrega e a surpresa
A beleza da espera
Na esfera da incerteza

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Nossas noites


TB #6

É incrível como as coisas são, né? A gente mal começa a escrever e já esqueceu a coisa toda que iria dizer. Será que é só comigo que essa coisa acontece? De repente já aconteceu contigo e você esqueceu. 

Mas de que formas bizarras se transformam as ideias. Você esquece o que pensou, depois lembra de outra coisa que havia esquecido anteriormente. Aí você resolve se lembrar do que ia dizer. Mas por ter lembrado daquela coisa que você também havia esquecido, você acaba tendo uma percepção totalmente diferente da coisa toda. Sua ideia inicial já se transformou em várias outras pequenas ideias. 

Aí vem aquela música na cabeça e você se transporta pra outra dimensão. É o auge da onda. A crista do cume. Cai uma chuva de pingos lisérgicos por trás do céu acinzentado. O cheiro muda com a dama da minha noite. Vem correndo com os pingos em slow motion. Me abraça, me beija, me roça, cheia de mimimi. Ronrona ao meu ouvido o desejo de se deitar. Quer ficar cansada, muito cansada e apagar. 

Dá pra sentir o cheiro. O do início, o do fim, o do meio. Como dizem os budistas: sempre o caminho do meio. O solo de piano, entra a guitarra, tudo fica muito sombrio. Resolvo pular essa música. A outra é mais animada. Quando menos se espera, o texto fica pronto. Com calma, com cama e com o cheiro dela ainda no ar.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Resignação do ser sonhador

Você já me conhece e nem sabe
Enxerga além do que lhe foi apresentado
Não tece um só comentário
Muito melhor do que eu me conheço
Enxerga a fundo tudo que há no fundo
Só lamenta estar no raso
Mas tudo que faço é te puxar pra areia
Minha sereia que é de todos menos minha
Enfim, nadinha tenho para provar
Somente o desejo de te provar
E mais nada

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Yin-yang

Meu mundo é 8 e 800 
Tudo ao mesmo tempo
Choro de tanto rir
Engasgo e rio
De tanto chorar
Entre o riso e o lamento
Fico confuso
Sem saber pra onde olhar
Olho pra dentro
Dá vontade de rir
Depois de chorar
Então eu sento e me analiso
Discuto, bato boca comigo mesmo
Dou gargalhadas e suspiros
Se minha vida fosse filme
Eu seria ao mesmo tempo
Mocinho e vilão
Passando a carteira
Com a faca na mão

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

domingo, 3 de novembro de 2013

Contra a corrente

Todos contentes
Correndo sem dentes
Cegamente crentes

Um para, se agacha
Amarra o cadarço
E quebra a corrente

É afastado, exonerado
E vê de fora
Um círculo ovalado
Quase um quadrado

Mentiroso
Tá de fora
Sabe o quê?
Volta pra roda

Volta e ri
Também sem dente
Dessa vez descrente

Anti-horário, apartidário
Inverte a corrente
Muda a engrenagem
Pra sempre

sábado, 2 de novembro de 2013

Down the rabbit hole



Ele me encara
Meu único amigo
O destino
Com capa de mágico
Tirando pílulas da cartola
E pombas brancas dos bolsos
Vê que um filho teu
Não foge, luta
Com cara de besta 
E sangue nos olhos


Sem violência
Sem vandalismo
Ignora os padrões
Faz seu próprio caminho
Caminha
Descansa um pouco
Caminha mais
Dorme na caminha
Acorda na caminha
Tudo se encaminha


Indisposto a caminhar
Para como pedra
No meio do caminho
Atrapalhando o tráfego
E o caminho
Em cada pílula 
Um trajeto diferente
Na língua bifurcada
Brinca com duas metades
De dois remédios diferentes